“O Brasil, entretanto, tem uma tradição ainda pobre na área de estudos universitários e científicos das religiões. (…) Neste país, o fato de estudos judaico-cristãos − numa perspectiva histórica informada por disciplinas “auxiliares” tradicionais como a Filologia, mas igualmente pela Antropologia e pelos estudos iconográficos de objetos descobertos arqueologicamente − tratarem os escritos que os cristãos consideram sagrados e divinamente inspirados com critérios aplicáveis do mesmo modo a quaisquer textos ainda pode chocar, sobretudo em épocas como a atual, marcada pelo avanço de posições religiosas fundamentalistas tanto entre protestantes quanto entre católicos. É salutar, portanto, que se desenvolvam entre nós os estudos religiosos de tipo acadêmico, apoiados em pesquisas sérias, até que os seus achados e debates se tornem, pelo menos nos ambientes acadêmicos, algo corriqueiro como já é nos Estados Unidos ou na Europa.”
Ciro Flamarion Cardoso (1942-2013)